" Recordar Casais De Baixo "
Esta terra pequenina
Tem uma história para contar ,
Que o povo teve uma sina
Que o destino aqui veio traçar .
Os que cá moravam
No campo trabalhavam ,
Daí provinha o seu sustento ,
Dessa planície desabrigada ao vento .
Os que para cá vieram
Para esse pão também correram ,
Que a lezíria
É um prado cheio de riqueza ,
E neste canto de beleza
Encontraram a sua felicidade ,
Cada família na sua propriedade ;
Fugiram de uma barragem
Que a vida não é miragem ,
E as águas de Castelo De Bode
As suas aldeias inundaram ,
As suas terras taparam .
Todos desbravaram estes foros
Que a terra é boa para a semente
E dela tiraram rudemente
As primeiras colheitas da altura ,
A terra é fértil
Mas é árdua, dura , suja ;
Chamavam-lhe o Algarve da Azambuja :
Porque as mulheres
Iam nos burros montadas
Com os ceirões carregados
Para a praça da nossa Vila ,
Vendiam a primeira colheita fresquinha
Á gente que mais tinha ,
Que vestia outra casaca :
Eram as mangas de alpaca .
Casais , longe da confusão
E tão perto de tudo ;
E á noite , ao serão ,
O Alfredo Rebelo pegava na sua guitarra
E fazia uma farra com os seus amigos ,
Acompanhando-se com um copo de vinho ,
Espremido nas raízes destes Casais .
Há para contar mais história
São poucas estas palavras ,
Mas que elas fiquem na vossa memória
Porque esta prosa rimei ,
Acompanhado por estas guitarras ;
Casais De Baixo recordei . . .
Declamado na noite de fados de 10 de Abril de 1999 ,
e Oferecido á Associação Recreativa De Casais De Baixo ,
pelo seu autor Miguel Ouro que o escreveu em 05 De Abril de 1999 .
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