Tony Ribeiro : David você já está a morar á alguns anos nos Casais De Baixo, ainda se recorda como foi a sua vinda até esta simpática aldeia ?
David Cardoso : Lembro , a minha vinda para esta aldeia foi derivado ao trabalho para a Ford Lusitânia.
Tony Ribeiro : Foi fácil adaptar-se ?
David Cardoso : Foi, era solteiro na altura, e como rapaz solteiro e na altura havia muita rapaziada, foi bastante fácil mesmo.
Tony Ribeiro : Já se sente um casaleiro ?
David Cardoso : Á vontade. ( sorrindo )
Tony Ribeiro : Você é uma pessoa muito ligada a esta terra, e pela qual tem feito muito, eu lembro-me por exemplo de você ter feito parte da comissão de moradores, foi também um dos grandes impulsionadores que deram vida e continuidade a esta prestigiosa Colectividade, a A.R.C.B. , tem colaborado imenso com as comissões de festas, no entanto existem infelizmente algumas pessoas que talvez por não o conseguirem compreender não lhe dão o devido e merecido valor, é capaz de explicar a razão ?
David Cardoso : Não sei, possivelmente não sei e não vejo como consiga compreender essa razão, mas possivelmente por ter um feitio de que quando tenho que dizer digo.
Tony Ribeiro : Mas reconhece que é verdade ?
David Cardoso : Sim reconheço, sei que é verdade.
Tony Ribeiro : Qual foi a razão de a comissão de moradores ter acabado ?
David Cardoso : A comissão de moradores durou pouco tempo devido precisamente ás ideias dos moradores dos Casais De Baixo serem muito amigos do que é seu, e darem se calhar pouco valor ao que é dos outros.
Nessa altura em 1975, senão estou em erro, a comissão de moradores tentou fazer uma das melhores coisas aqui nos Casais De Baixo , que seria os caminhos largos, e os moradores por um palmo de terra não deixaram fazer no terreno deles, mas gostavam que se fizesse no terreno dos outros.
Tony Ribeiro : Você como um dos fundadores da Colectividade qual o balanço que faz ao longo destes 32 anos de existência ?
David Cardoso : Como existência da Colectividade, muito bom.
Na vida da Colectividade se calhar nem tanto. Porque a vida da Colectividade derivado talvez a ser considerada uma Colectividade de bairro, torna-se muito pobre nas funções que desempenha, ou no que devia de desempenhar em relação aos associados, á formação, ao desenvolvimento, á cultura, ao desporto, e assim sucessivamente.
Só que também não temos condições para isso.
Tony Ribeiro : E os sócios também não contribuiem ?
David Cardoso : Nada.
Tony Ribeiro : Como é que vê o passado e como é que olha o futuro desta aldeia ?
David Cardoso : O passado é sempre passado.
Já houve aí um bocadinho bom, ou foi bom.
O futuro acho que está um bocadinho mais preto.
Porque a aldeia ficou fechada, digo fechada no termo de não se poder fazer casario ( construir) que é altamente dificil fazer qualquer moradia nos Casais De Baixo, a razão só a Câmara Municipal poderá dizer.
Tony Ribeiro : Tem alguma história engraçada que tenha acontecido aqui na aldeia e que queira contar ?
David Cardoso : Há sempre histórias engraçadas não é .
A gente ás vezes podemos é não conseguir apanhá-las assim de momento.
Recordo-me de uma história que se passou com uma pessoa cá dos casais que não vou dizer o nome pois pode parecer mal, pois já faleceu , aconteceu numa passagem de ano , na altura ainda não havia estrada alcatroada era tudo terra batida , e eu e outros todos na paródia já com uns copitos, houve um que conseguiu descobrir um foguete, não sei aonde, e lembra-se de em vez de o atirar para o ar , resolveu atirá-lo pela estrada fora junto ao chão, azar do foguete encontrou um gajo com uma motorizada pelo caminho e foi o fim da macacada.
Foi o foguete para um lado, a moto para outro e o gajo para outro.
Tony Ribeiro : Algo que queira dizer sem ter que lhe perguntar ?
David Cardoso : Amor, Paz, e Saúde para todos.
Tony Ribeiro : Se você pudesse, ou se mandasse, o que é que mudava aqui na aldeia ?
David Cardoso : Na questão de mandar só se tivesse um bocadinho de poder como uma omnipotência, a forma de mentalidade de 80% a 90% dos casaleiros.
Tony Ribeiro : Desde o inicio desta entrevista, que você está com uma lágrima no canto do olho e a falar um pouco emocionado.
Posso perguntar-lhe porquê ?
David Cardoso : ( respondendo já a chorar) Epá não sei.
Eu gostava talvez numa questão de uma conversa ou de uma entrevista destas poder ter um outro sentido de palavra que não este que se está a viver, e ainda por cima a entrevista está a ser dada dentro da Colectividade, e vejo-a muito má !
QUESTIONÁRIO :
- UM PAÍS ? Portugal.
- UMA PESSOA ? Primeiro Ministro, José Sócrates.
- UMA TELEVISÃO ? Sic
- UMA RÁDIO ? Rádio Ribatejo.
- JORNAL NACIONAL ? Correio Da Manhã.
- JORNAL REGIONAL ? O Mirante.
- UMA MÚSICA ? A Neve ( Duo Nova Era ).
- UM PRATO ? Sardinhas.
- UM FILME ? Os Filhos De Ninguém.
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